Erliquiose e Anaplasmose

É uma doença de distribuição mundial provocada por uma riquétsia, é mais conhecida em cães como Ehrlichia canis, que se transmite através de carrapatos do gênero Rhipicephalus sanguineus ou por transfusão sanguínea de sangue infectado. É um microrganismo intracitoplasmático que infecta células mononucleares. Há também outras duas espécies de Ehrlichia que produzem doenças no cão. A Anaplasma platys, infecta as plaquetas provocando a trombocitopenia cíclica infecciosa, e a Ehrilichia ewingii, recentemente descoberta.

A infecção por Ehrlichia canis em sua fase aguda provoca lesões de vasculite, aumento da permeabilidade vascular, formação de imunocomplexos e complicações como a CID. Dependendo da imunidade do hospedador pode se encontrar infecções subclínicas ou crônicas. Nestes casos há uma resposta à estimulação antigênica persistente, aparecendo lesões produzidas pela resposta imunitária contínua. Na fase crônica pode aparecer uma hipoplasia severa da medula óssea que pode ser irreversível.

Sintomas

A doença aguda é estacional, apresentando-se a maior quantidade de casos em primavera e em outono, época de carrapatos, embora a fase crônica da doença possa ser diagnosticada durante o ano todo.

Na atualidade os sinais clínicos são muito variados, podendo aparecer vômitos, diarreias, polidipsia , poliúria, poliúria sem polidipsia e os clássicos sinais que são detalhados a seguir.

Os sinais de infecção aguda são: febre, depressão, anorexia, petéquias, epistaxis, sinais neurológicos, edema escrotal, alterações hepáticas e linfadenopatia. Os sinais de infecção crônica incluem petéquias, epistaxis, palidez de mucosas, emagrecimento, depressão, coagulopatia grave, lesões oculares de uveíte anterior e desprendimento de retina, dor articular, mancar, sinais neurológicos centrais ou periféricos.

Diagnóstico

Realizar a Sorologia para Ehrlichia canis. Nas outras espécies, sendo membros da família Anaplasma, é possível pedir PCR. Lembre que caso o animal esteja recebendo doxiciclina é possível obter um resultado falso negativo da PCR.

Sempre que existir antecedentes de carrapatos, presença de alterações hematológicas tanto nos glóbulos brancos, vermelhos ou plaquetas, é recomendável realizar o exame.  Embora seja possível não encontrar estas alterações, mas existindo ainda a suspeita da presença da doença, deve ser realizada a sorologia, encontrando-se que o resultado será positivo.

Tratamento

É utilizada a tetraciclina assim como a doxiciclina, sendo essa a droga de eleição. Especialmente se existirem sinais neurológicos, devemos tratar com doxiciclina por sua melhor passagem para o SNC, durante 2 a 3 semanas. Nas infecções agudas respondem rapidamente e nas crônicas os efeitos supressivos na medula óssea podem demorar algum tempo em se normalizarem.

Às vezes podem ser administrados corticosteroides como a prednisolona para tratar o componente imunomediado da doença, especialmente na fase crônica. A prevenção deve ser realizada com o controle dos carrapatos. Os animais curados não ficam imunizados e podem se infectar novamente.

Avaliar a necessidade de protetores gástricos quando se adicionar prednisolona, como serem ranitidina, omeprazol, pantoprazol etc.

Caso aumentem as enzimas hepáticas, lembrar a possibilidade de uso de ácido tióctico, silimarina etc.

BIBLIOGRAFIA

Guideline for veterinary practitioners on canine ehrlichiosis and anaplasmosis in Europe.

https://parasitesandvectors.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13071-015-0649-0 DOI 10.1186/s13071-015-0649-0

Enfermedades infecciosas del perro y del gato. Greene, ÚLTIMA EDICIÓN.